quinta-feira, maio 15, 2008

RUMI > extraído de Poemas Místicos




No dia em que levarem meu corpo morto não penses que meu coração ficará neste mundo. Não chores por mim, nada de gritos e lamentações - lembra que a tristeza é mais uma cilada do demônio. Ao ver o cortejo passar, não grites: "ele se foi!" Para mim, será esse o momento do reencontro. E quando me descerem ao túmulo, não digas adeus! A sepultura é o véu diante da reunião no paraíso. Ante a visão do corpo que desce pensa em minha ascensão. Que há de errado com o declínio do sol e da lua? O que te parece declínio, é tão somente alvorada. E ainda que o túmulo te pareça uma prisão, e é ele que liberta a alma: toda semente que penetra na terra germina. Assim também há de crescer a semente do homem. O balde só se enche de água se desce ao fundo do poço. Por que deveria o José do espírito reclamar do poço em que foi atirado? Fecha a tua boca deste lado e abre-a mais além. Tua canção triunfará no alento do não-lugar.